«Temos um regime à moda de partido único e um Governo intriguista que precisa de ser travado» – Filomeno Vieira Lopes, presidente do Bloco democrático

Avatar By Redacao Jan 29, 2024
Filomeno Vieira Lopes, presidente do Bloco democrático

Filomeno Vieira Lopes afirma estar a criar condições para que o seu partido possa concorrer de forma isolada nas eleições de 2027, na eventualidade de não poder fazê-lo em coligação. Líder do Bloco Democrático alerta que só de forma forçada o partido no poder implementará as eleições autárquicas e sublinha que todos aqueles que não concordam com o sistema devem sentir-se oposição e juntar sinergias para derrubar o regime.

Como caracteriza o contexto em que nos encontramos?

Estamos num contexto muito difícil, muito complicado, em que é preciso fazer um apelo muito forte à compreensão destes fenómenos, a fim de que nos organizemos e façamos uma oposição muito forte. Oposição não são partidos políticos, é preciso que digamos isso com toda a franqueza. Todos aqueles que não concordam com a autocracia, como no passado, nós não concordamos com o fascismo, somos oposição. Não devemos ter complexos relativamente a isso, pois não estamos na posição, nós não somos autocratas, nós queremos um regime aberto, nós queremos um regime inclusive. Todos aqueles que se revêem nesta crítica devem reconhecer-se como oposição, e não ter receios nem complexos, dado que isso tem prejudicado muito a mudança em Angola. As pessoas têm medo de estar nos partidos políticos, têm medo de criticar posições que vêm do Governo, colocam sempre numa posição de ajudá-lo e de entender que é seu parceiro, quando não é, está a oprimir, está a explorar e, por consequência, não acumula forças para a mudança.

O Bloco Democrático acaba de eleger uma nova direcção a nível de Luanda. Que perspectivas para o ano 2024?

Esta actividade é importante porque normaliza os órgãos de Luanda, que foram democraticamente eleitos, com toda a autonomia estatutária. Como sabe, no Bloco Democrático, os órgãos provinciais são eleitos pela própria assembleia provincial, sem qualquer interferência dos órgãos centrais. O secretário provincial não é nomeado pelo presidente, mas emerge da própria assembleia provincial e é responsável por ela. Então, essa normalização é importante, sobretudo num ano em que vamos fazer muita pressão, para que tenhamos as eleições autárquicas em Angola.

O que isso significa?

Significa que Luanda, em particular, vai ter de organizar todos os municípios. Desse ponto de vista, as coisas estão a tomar o seu rumo, e vão-se preocupar muito com as questões municipais. Do ponto de vista geral, vamos ter o nosso conselho nacional, ainda este mês, em M” banza Kongo, província do Zaire, onde vamos apresentar o nosso plano de actividades. Desde logo, será um plano de actividades de muita luta, porque, cada vez mais, temos notado um regime mais à moda de partido único. Temos aqui uma autocracia que precisa de ser combatida, temos um Governo intriguista, que precisa de ser travado. Temos de preparar as condições para a mudança neste País. Há uma consciência de mudança, mas é preciso lutar bastante. Então, o nosso programa estará em torno dessa matéria. A questão central vai ser contribuir e ajudar, para que o movimento social seja capaz de empreender as mudanças e impedir que aprofundemos, em Angola, um Estado autocrático, e que lutemos mesmo para que haja democracia. NJ