Quando já depois da imprensa internacional ter anunciado a decisão do Tribunal suíço, de congelar a conta conjunta de São Vicente com a sua esposa, pelos motivos sobejamente divulgados e conhecidos pelos angolanos, foi anunciado a reeleição de Irene Neto (esposa), para ocupar altos cargos na cúpula do MPLA, inicialmente fiquei muito admirada.
Todavia, passado o primeiro momento de surpresa, reflecti de forma “esdrúxula”. Confesso que cheguei a deduzir, que possivelmente , teriam negociado com a esposa de São Vicente. Aquando da prisão do marido, Irene Neto fez um comunicado a apoiá-lo e a dar a conhecer, que há muito teria abandonado o país e residia em Londres, se a memória não me falha.
Para quem não se recorda, esdrúxulo, significa alguém que se encontra fora das regras usuais (comuns), causando admiração ou espanto.
A BEM DA NAÇÃO (pensei), a recuperação de 2 BI, era um motivo mais do que suficiente para o MPLA engolir esse “sapo”, porque o Executivo desse Partido gasta bem e o povo morre de fome . E’ que quem defende o que está errado , porque foi sentenciado, (enquanto o recurso não lhe der razão), deveria ser co-arguido.
José Filomeno dos Santos, foi co-arguido por muito menos e só ele ficou em prisão efectiva. O ex Governador do BNA esteve em prisão domiciliar. Possivelmente, a prisão efectiva inconstitucional, teria provavelmente como fim último , torturarem o pai (JES), para morresse mais depressa. Nem com a autorização do Juiz, lhe entregaram o passaporte , nem para ver o pai pela última vez no leito de morte.
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Por outro lado, insistem propositadamente em desinformar a opinião pública , a propósito do “caso dos 500 milhões de dólares”. Os 500 milhões de dólares constituindo na verdade um colateral a um empréstimo, constavam do contrato com a obrigação de serem devolvidos (estorno ), no prazo acordado pelas partes .
Nem o compliance bancário, nem o Governo do Reino Unido poderiam impedir a transferência dos 500 milhões de dólares, porque:
- Sendo basicamente um colateral , esse deposito nunca saiu da esfera do BNA;
- No contrato constava em caso de litígio , que estes seriam dirimidos por um tribunal arbitral.
Nessa base, nunca o processo dos “500 milhões”, deveria ser dirimido pelos tribunais civis e muito menos criminais. Em caso de recurso a arbitragem, uma das partes só poderia recorrer aos tribunais cíveis, se houvesse incumprimento na execução da sentença arbitral.
Já nem refiro o enorme prejuízo reputacional ao BNA, pelo grave erro cometido por políticos e militares (incluindo do SINSE e equivalente no passado), investidos Magistrados . Para piorar , a maioria dos membros do Executivo tirou o curso de “Dirigente”, por isso saiem das Universidades quase , ou directamente para reproduzir o que leram, mas não experimentaram, nem sabemos se compreenderam , ou se apenas decoraram. Na verdade, a maioria nem decora a totalidade dos pareceres dos consultores portugueses e brasileiros, provavelmente de “amigos” ou “associados”.
É uma vergonha, que até à presente data Angola não tenha acesso a dólares directamente dos Estados Unidos . Até os nossos vizinhos da RDC tem , segundo as minhas fontes, inclusive’ nos multicaixa.
É óbvio que o problema da gestão de Angola é mais complexo. Não se resolve com os acordos bilaterais, que se resumem ao comércio, (empréstimos de dinheiro, venda de serviços, venda de matéria prima , equipamentos, peças , sobressalentes). Cadê os dólares?
A reputação de Angola não será lavada por nenhum lobby, por nenhuma Câmara do Comércio , onde tanto trabalhamos , muito menos pelo FMI. O FMI tem o seu trabalho facilitado, quando um país como Angola paga mais de 50% da dívida externa, mas “marimba-se para a dívida interna” e deixa os seus cidadãos morreram de fome, sem escolas e sem assistência médica e medicamentosa .
Uma coisa que teremos de decorar também , é que nenhum banco estrangeiro e muitíssimo menos governos estrangeiros vão deixar sair investimentos ( meios financeiros) ainda que ilegais com facilidade do seu país , sem tirar primeiro bastante proveito disso. Só aprendizes do “copy and paste” (copiar e colar), que tem horror aos quadros sabem bem porque razão, não podem, nem querem entender essa verdade.
Por Maria Luísa Abrantes