Projecto habitacional de autoconstrução dirigida está em ‘stand by’ por falta de apoios. Desde a mudança de administradores no municipio de Belas, a iniciativa está sem ritmo para continuar a dançar.
O projecto habitacional “Vila do Kuduro’, localizado no município de Belas, no bairro Quinguele, está, neste momento, paralisa do. De autoconstrução dirigida para kuduristas, carece de apoios para a continuação da entrega de terrenos aos artistas.
O ‘grito de socorro’ foi dado pelo músico António Germano Tomás Kiala ‘K2’, o mentor do projecto.
De acordo com o kudurista, o projecto estava a caminhar bem, tendo provocado euforia a muitos jovens artistas. Com a saída do antigo administrador do municipio de Belas, Miguel Silva de Almeida ‘Lito’, o projecto paralisou.
“Neste momento, está tudo parado. Hå ameaças de um terreno abandonado, de invasores que querem aproveitar-se dos espaços. Esse é um projecto que passoupor todos os órgãos de comunicação. Picar assim abandonado deixa-nos muito tristes e afecta-nos”.
O cantor descreve, actualmente, a vila como um espaço de imbondeiro e capim e apela para que os empresários apoiem, com material como areia e cimento, pessoas que se juntam à causa. O artista revela que já bateu algumas portas para solicitar apoios, mas sem sucesso. “O que acontece é que, nas redes sociais, poderão desconfiar de desvios do dinheiro patrocina do. Não. A ideia não é esta”, observa.
“O governador da provincia de Luanda, que olhamos como um pai, sabe do projecto, mas, até ao momento, não fez uma visita à vila. Já escrevemos várias vezes. Peço que o governador pense mais nos artistas. Sei que, se visitar os nossos terre- nos, haverá uma solução. Vai conseguir juntar empresários que podem ajudar a alavancar o projecto”, desabafa o músico.
O projecto habitacional arrancou há cerca de dois anos e, desde a sua criação, já contemplou 450 lotes de terrenos aos artistas. Integra pelo menos 500 artistas, tem, nesta altura, apenas sete casas construídas e os terrenos têm uma dimensão de 20 por 15. Artistas como Puto Lilas, Nené Baila, Os Lambas, Mirelson e Benvindo do Arraso (falecido) integram a lista dos que foram contemplados.
Precursores do género, como Tony Ama- do, Virgilio Faia e Sebem, também estão contemplados. O músico Benvindo do Arraso, recentemente falecido, foi um dos primeiros a receber.
Para aderir, basta ser kudurista, fazer inscrição e depender da sorte. Não se paga nada. “Tudo na vida depende da sorte”, enfatiza. “O kuduro é um estilo solidário. Nós, os músicos, passamos mesmo mal. Há artistas que vivem na renda e não sabem como pagar. A cada dia, a vida vai apertando. Há músicos que não querem sair ao público para dizer que estão a necessitar, pois sentem vergonha, porque fizeram sucesso”. Ficam com este preconceito. Há artistas que me deram documentos para se inscrever, a chorar”, narra o músico.
K2 manifesta o desejo de andar de mãos dadas com o Ministério da Cultura. “O Ministério da Cultura nunca fez uma visita ao projecto. Cabe ao senhor ministro fazê-la, para ver se os terrenos existem”, deseja.
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Kuduristas no ‘baile’
O espaço onde está localizada a Vila existe há sete anos, mas o projecto foi implementado há quase dois. É uma ideia do músico K2, que apresentou a proposta ao antigo administrador de Belas. Para além de cantores, fazem parte do projecto compositores e bailarinos.
A vontade de prosseguir é evidente no artista que criou o projecto, em parceria com a Administração de Belas. Segundo o músico, a administração continua de ‘braços abertos’ e disponível para caminhar com os artistas. O que é facto é que, desde a mudança de administradores, ainda não foram dados passos concretos sobre a reactivação. Levar a Vila do Kuduro para as outras provincias é, também, uma intenção de K2, que, em poucas palavras, relembra os primeiros passos dados durante a criação do projecto.
“Não fui nomeado. A ideia foi minha. Nós, artistas do Cazenga, tínhamos um núcleo dos kuduristas, e fui partilhando com os colegas, como o Negro 5, a Tuga Agressiva e outros”, explica.
“O nosso sonho é estender o projecto para as outras provincias. Queremos fazer um projecto nacional, motivo pelo qual é denominado KD I”, ambiciona o artista.