Projecto ‘Vila do Kuduro’ paralisado por falta de apoios

Avatar By Redacao Abr 11, 2024
Projecto 'Vila do Kuduro' paralisado por falta de apoios

Projecto habitacional de autoconstrução dirigida está em ‘stand by’ por falta de apoios. Desde a mudança de administradores no municipio de Belas, a iniciativa está sem ritmo para continuar a dançar.

O projecto habitacional “Vila do Kuduro’, localizado no município de Belas, no bairro Quinguele, está, neste momento, paralisa do. De autoconstrução dirigida para kuduristas, carece de apoios para a continuação da entrega de terrenos aos artistas.

O ‘grito de socorro’ foi dado pelo músico António Germano Tomás Kiala ‘K2’, o mentor do projecto.

De acordo com o kudurista, o projecto estava a caminhar bem, tendo provocado euforia a muitos jovens artistas. Com a saída do antigo administrador do municipio de Belas, Miguel Silva de Almeida ‘Lito’, o projecto paralisou.

“Neste momento, está tudo parado. Hå ameaças de um terreno abandonado, de invasores que querem aproveitar-se dos espaços. Esse é um projecto que passoupor todos os órgãos de comunicação. Picar assim abandonado deixa-nos muito tristes e afecta-nos”.

O cantor descreve, actualmente, a vila como um espaço de imbondeiro e capim e apela para que os empresários apoiem, com material como areia e cimento, pessoas que se juntam à causa. O artista revela que já bateu algumas portas para solicitar apoios, mas sem sucesso. “O que acontece é que, nas redes sociais, poderão desconfiar de desvios do dinheiro patrocina do. Não. A ideia não é esta”, observa.

“O governador da provincia de Luanda, que olhamos como um pai, sabe do projecto, mas, até ao momento, não fez uma visita à vila. Já escrevemos várias vezes. Peço que o governador pense mais nos artistas. Sei que, se visitar os nossos terre- nos, haverá uma solução. Vai conseguir juntar empresários que podem ajudar a alavancar o projecto”, desabafa o músico.

O projecto habitacional arrancou há cerca de dois anos e, desde a sua criação, já contemplou 450 lotes de terrenos aos artistas. Integra pelo menos 500 artistas, tem, nesta altura, apenas sete casas construídas e os terrenos têm uma dimensão de 20 por 15. Artistas como Puto Lilas, Nené Baila, Os Lambas, Mirelson e Benvindo do Arraso (falecido) integram a lista dos que foram contemplados.

Precursores do género, como Tony Ama- do, Virgilio Faia e Sebem, também estão contemplados. O músico Benvindo do Arraso, recentemente falecido, foi um dos primeiros a receber.

Para aderir, basta ser kudurista, fazer inscrição e depender da sorte. Não se paga nada. “Tudo na vida depende da sorte”, enfatiza. “O kuduro é um estilo solidário. Nós, os músicos, passamos mesmo mal. Há artistas que vivem na renda e não sabem como pagar. A cada dia, a vida vai apertando. Há músicos que não querem sair ao público para dizer que estão a necessitar, pois sentem vergonha, porque fizeram sucesso”. Ficam com este preconceito. Há artistas que me deram documentos para se inscrever, a chorar”, narra o músico.

K2 manifesta o desejo de andar de mãos dadas com o Ministério da Cultura. “O Ministério da Cultura nunca fez uma visita ao projecto. Cabe ao senhor ministro fazê-la, para ver se os terrenos existem”, deseja.

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Kuduristas no ‘baile’

O espaço onde está localizada a Vila existe há sete anos, mas o projecto foi implementado há quase dois. É uma ideia do músico K2, que apresentou a proposta ao antigo administrador de Belas. Para além de cantores, fazem parte do projecto compositores e bailarinos.

A vontade de prosseguir é evidente no artista que criou o projecto, em parceria com a Administração de Belas. Segundo o músico, a administração continua de ‘braços abertos’ e disponível para caminhar com os artistas. O que é facto é que, desde a mudança de administradores, ainda não foram dados passos concretos sobre a reactivação. Levar a Vila do Kuduro para as outras provincias é, também, uma intenção de K2, que, em poucas palavras, relembra os primeiros passos dados durante a criação do projecto.

“Não fui nomeado. A ideia foi minha. Nós, artistas do Cazenga, tínhamos um núcleo dos kuduristas, e fui partilhando com os colegas, como o Negro 5, a Tuga Agressiva e outros”, explica.

“O nosso sonho é estender o projecto para as outras provincias. Queremos fazer um projecto nacional, motivo pelo qual é denominado KD I”, ambiciona o artista.