By Redacao
Benjamim M’Bakassy sucede ao pai, António Mosquito, e anuncia, em primeira mão, as suas metas enquanto diplomata, assim como os livros que vai publicar depois de dois anos.
Benjamim M’Bakassy é o novo cônsul honorário da Áustria, um testemunho passado pelo seu pai, António Mosquito, num momento emotivo, mas já com metas traçadas. À Forbes África Lusófona, o escritor concedeu a sua primeira entrevista enquanto diplomata, mas não vai deixar a escrita de lado, confidenciou-nos.
Benjamim, esta nova viagem pela diplomacia vem no seguimento de uma passagem de testemunho do seu pai, António Mosquito, que era o anterior cônsul da Áustria em Angola. Qual o significado deste momento?
Acaba por ser algo que nós – nem eu, nem o meu pai – não escolhemos que assim fosse. Encurtando uma história que poderia ser contada com mais palavras, a sugestão da minha nomeação foi do Ministério das Relações Exteriores austríaco tendo em conta a minha relação e experiência como colaborador do Consulado há praticamente 15 anos. O que aconteceu com esta “passagem de testemunho” é algo que talvez pudéssemos ter pensado como um cenário idílico, praticamente um “sonho”, mas que não poderíamos ter antecipado, nem dependia de nós (nem de mim, nem do pai). É no final do dia o testemunho do serviço que o meu pai prestou ao longo de 30 anos, e do reconhecimento da Áustria nesse sentido, ao acreditar que eu poderia, com a orientação e mentoria dele – meu pai – estar ao serviço das funções que me foram agora atribuídas pela Áustria.
E quais vão ser as suas principais metas com este novo desafio?
Diria de forma abreviada que, as relações entre a Áustria e Angola merecem que haja uma dedicação especial para que ambos os países e cidadãos dos mesmos se conheçam melhor. Quer a Áustria, quer Angola têm muito a oferecer uma à outra, e com o apoio da Embaixada austríaca em Pretória e Sua Excelência Senhora Embaixadora Romana Königsbrun e equipa da embaixada, assim como a Embaixada de Angola em Viena e Sua Excelência Senhora Embaixadora Isabel de Jesus da Costa Godinho, temos vindo a fazer este trabalho.
Como descreveria as relações Angola/ Áustria do ponto de vista da diplomacia?
Foi com grande entusiamo que recebemos a 25 de Abril de 2023 a visita oficial do chanceler Karl Nehammer a Luanda no ano passado – a primeira visita de um chanceler austríaco a África, tendo escolhido Angola como a primeira paragem, tendo-se seguido o Gana, e depois o Egipto – que serviu como o abrir de uma nova página nas relações diplomáticas entre os dois países. Como consequências concretas foi assinado no final do ano passado um acordo de intenções tendo em vista a cooperação entre as respectivas policias nacionais, o que Podemos dizer é uma manifestação concreta e efectiva do respeito mútuo e vontade de cooperação entre os dois países. Acredito que o futuro reserva o estreitamento dos laços a mais parceiras e projectos em comum.
E em termos de relações económicas? Há margem para crescer?
Já existem várias empresas austríacas em Angola nos sectores da energia, saúde, industrial, entre outros. Mas sim, existe margem para crescer e acreditamos que sectores ligados ao desenvolvimento de capital humano, tecnologias e engenharias, ou mesmo a agricultura e agroalimentar apresentam oportunidades e margem de crescimento muito interessantes no âmbito da cooperação entre os dois países e sector empresarial dos dois países.
E por fim, como fica a escrita? Vamos perder o escritor em prol do diplomata?
Não. Este ano irei publicar dois livros depois de quatro anos sem nenhuma publicação; vou reforçar a minha assiduidade como professor no Centro de Inovação Social e Incubação da Universidade Católica de Angola onde inaugurámos com o Professor Henriques Ngolome, no final do ano passado, um programa novo composto de nove sessões sobre empreendedorismo e inovação para estudantes universitários e empreendedores e que teve a sua segunda sessão dia 25 de Janeiro e irá até Junho; ainda no Centro de Inovação Social e Incubação da Universidade Católica de Angola continuarei a fazer a coordenação cientifica para ética empresarial. Colaboro neste momento em outros projectos e empresas que vão da banca, ao sector industrial e agroalimentar, energia, entre outros, com funções ligadas a ética empresarial, liderança, gestão e estratégia, que também continuarei a exercer, e claro – apesar de o tempo não ser elástico – estou sempre aberto a novas oportunidades para continuar a crescer. Forbes