PGR lança ofensiva jurídica contra figuras de peso mas ceticismo continua a reinar sobre o combate à corrupção

Avatar By Redacao Jan 31, 2024
PGR lança ofensiva jurídica contra figuras de pesoPGR lança ofensiva jurídica contra figuras de peso PGR lança ofensiva jurídica contra figuras de peso

As autoridades judiciais angolanas iniciam 2024 com o anúncio de uma série de ações judiciais contra conhecidas e importantes personalidades da cena politica angolana, mas o ceticismo continua a reinar entre membros da oposição e analistas que duvidam que a Procuradoria esteja livre de pressõews e manietação política.

Nos últimos dias a PGR anunciou processos contra figuras como o antigo vice presidente Manuel Vicente, o conhecido General “Kopelipa” , o antigo embaixador angolano na Etiópia Arcanjo Maria do Nascimento e o antigo sub comissário da Polícia Nacional Domingos Adão Francisco entre outros.

Com efeito a justiça angolana instaurou um processo- crime contra o antigo vice- Presidente de Angola, Manuel Vicente estando já em curso a instrução preparatória, segundo anunciou nesta segunda-feira,28, o procurador-Geral Adjunto da República, Pedro Mendes de Carvalho.

Aquele magistrado do Ministério Público (MP) precisou que “as diligências que se vão realizar” irão determinar o tempo que vai levar a instrução preparatória, “já que se trata ainda de uma fase de investigação em que se recolhem as provas e depois se decidirá se se acusa ou se arquiva o processo”.

A UNITA, o principal partido na oposição angolana, considera que o anúncio da PGR pode ser visto como “uma resposta à pressão que os partidos políticos e da sociedade civil angolana têm feito” e diz esperar por independência e liberdade do poder judicial na sua actuação, sobre o caso.

“Esperemos que este não seja mais um processo “para inglês ver””, afirmou o secretário da UNITA para Comunicação e Marketing, Evaldo Evangelista.

Em conversa com a Voz da América o dirigente da UNITA defendeu que “dando independência ao poder judicial, veremos então que muitos outros dirigentes do partido no poder serão chamados a reponder junto dos tribunais”

“Estaremos atentos a este processo contra o ex-vice Presidente da República ”, afirmou

Por sua vez o analista político, Ilídio Manuel , considera “fuga para a frente” o anúncio da PGR face à pressão social e serve também para impressionar sobretudo determinados perceiros ocidentais , com destaque para os Estados Unidos da América “para mostrar a ideia de que se está a fazer um combate sério contra a corrupção”.

Ilídio Manuel defende que “ se houvesse muita seriedade no julgamento de Manuel Vicente o governo não teria feito aquele batalha campal contra Portugal inclusive com ameaça de corte de relações diplomáticas caso não enviasse o processo para Angola”.

As suspeitas de corrupção que pendem sobre o antigo homem forte de petrolífera angolana, Sonangol, remontam ao ano de 2022, altura em que a justiça angolana assumiu estar a trabalhar num processo contra Manuel Vicente, que até então gozava de imunidades legais para os titulares de cargos públicos.

Entretanto, Portugal, tinha iniciado, em 2018, o conhecido processo

“Operação Fiz” em que o antigo vice-Presieente de Angola era acusado de ter corrompido procurador português, Orlando Figueira, tando causado um “irritante” entre Lisboa e Luanda, que só terminou depois que o caso foi transferido para a capital angolana.

Manuel Vicente é a mais alta figura do antigo governo de Angola, liderado por José Eduardo dos Santos a ser oficialmente investigado depois de uma grande pressão feita nos últimos anos por partidos da oposição de sociedade angolana que acusavam o Presidente João Lourenço de ser parcial na sua cruzada contra a corrupção.

Entre outras acusações, o antigo vice-Presidente da República e então homem forte da Sonangol foi descrito pela PGR como tendo sido os principais donos do empreendimento “Três Torres” constituídos por escritórios e habitações localizado no eixo viário, na cidade de Luanda, supostamente construído com fundos públicos.

“Kopelipa” recorre

Enquanto isso, o Tribunal Supremo(TS) de Angola, anunciou na última sexta-feira,26, que a defesa recorreu do despacho de pronúncia do juiz , Nazaré Pascoal, emitido a 20 de Dezembro de 2023, que confirma o julgamento do general, na reserva, Helder Vieira Dias “Kopelipa”.

Kopelipa, é acusado pelo Ministério Público dos crimes de peculato, burla por defraudação , falsificação de documentos, associação criminosa, abuso de poder, branqueamento de capitais e trafico de influencias.

O porta-voz do Supremo, Leandro Lopes, foi citado em Luanda como tendo recebido informações da Camara Criminal relativas ao recurso em causa e que “aguarda-se a todo o momento pela resposta do juiz da causa”.

Em Novembro de 2023, a defesa do antigo ministro de Estado e Chefe da Casa Militar e director do Gabinete de Reconstrução Nacional (DRN), durante o governo de ex-presidente da República José Eduardo dos Santos, solicitou ao tribunal a instrução contraditória que visa anular ou enfraquecer a acusação, segundo revelou na altura á VOA o advogado, Benja Satula.

No mesmo processo estão arrolados os arguidos, Fernando Gomes, o general Leopoldino do Nascimento “ Dino”, e as empresas Plasmart International Limited e Utter Right International Limited.

Antigo sub-Comissário da polícia vai a julgamento.

Por outro lado a procurador anunciou também que a 20 de Fevereiro vão a julgamento o antigo sub-Comissário Domingos Adão Francisco e outros dois réus acusados de passagem, colocação e circulação de moeda falsa ou falsificada.

Este julgamento está ligado aquele iniciado segunda-feira do antigo embaixador angolano na Etiópia, Arcanjo Maria do Nascimento acusado de apropriar-se de mais de cinco milhões de dólares dos cofres da Embaixada.

O advogado da defesa Benja Satula disse que na sessão de segunda-feira foram ouvidos três declarantes do processo que segundo o mesmo fizeram caír os argumentos da acusação.

“Trouxe aqui a descoberta da verdade nua e crua, porque o ponto fundamental deste processo é que há uma empreiteira que diz que depois do estado angolano lhe ter pago alguém solicitou os valores e estes valores foram parar na conta do embaixador e o que ela disse é que isso não corresponde à verdade, se isso não corresponde à verdade é porque começaram a cair muitos pilares deste processo”, disse.

Estes processo são também vistos com ceticismo pelo jurista Manuel Cangundo para quem isso não representa um verdadeiro combate à corrupção porque se conhecem quem são os corruptos e “porque os agentes da corrupção em Angola encontram-se” nos circulos do poder

Para o jurista Manuel Cornélio, o combate a corrupção levado acabo no país é positivo, mas levanta algumas reservas.

“Defacto está-se a fazer combate a corrupção, mas ainda a miúdo, porque na verdade os grande estão no gabinete da presidente”, disse. VOA