Tribunal repete audiência de julgamento de elementos da PN e do SIC após estranho desaparecimento de acta

Avatar By Redacao Dez 13, 2023
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O Tribunal de Comarca de Luanda repetiu esta terça-feira,12, o julgamento de um superintendente-chefe da Polícia Nacional (PN), um agente e dois oficiais do Serviço de Investigação Criminal (SIC) devido ao estranho desaparecimento da acta do sistema informático.

Os elementos da PN e do SIC estão acusados de roubo de diversos electrodomésticos num armazém do município de Viana, pertença de um empresário chinês, em 2022.

A acta que estava armazenada no computador do tribunal continha os elementos da audição das testemunhas arrolados no processo.

O documento estava em formato digital no sistema informático e, supostamente, não foi gravada no computador pelo escrivão da sessão, na semana passada, provocando “pânico” no tribunal e adiamento da sessão da fase das alegações.

Os técnicos do tribunal não conseguiram recuperar o ficheiro da acta produzida nessa sessão de audição das testemunhas.

Esta situação levou o tribunal a repetir audiência de audição das testemunhas e dos oficiais do SIC que detiveram os arguidos e que instruíram o processo.

Concluída a produção de prova, após discutida a causa, o representante do Ministério Público (MP),Luís Bento Júnior, pediu a condenação dos arguidos, com realce para os dois subinspectores da SIC, que considerou serem os principais rostos do grupo que assaltou o armazém de uma empresa chinesa.
Segundo a acusação, os arguidos mantaram uma operação falsa, usuram de forma ilegal as suas funções no Estado para cometerem o crime de roubo de diversos electrodomésticos na empresa “An Zhong Ld”, situada no distrito urbano do Kikuxi, em Viana, em Maio de 2022.

Conforme a acusação, o grupo era supostamente liderado pelo superintende-chefe Maurício António, também conhecido por “Mauro Pastana”, identificado na altura como comandante municipal de Cacuaco, que foi fundamental, segundo o MP, para o esclarecimento da verdade por ser o único arguido que mostrou arrependimento e ajudou o tribunal na descoberta da verdade.

Entre o arguido está uma cidadã vietnamita que terá aliciado os dois oficiais do SIC, por sinal irmãos, que, dias antes, terão recebido dinheiro das mãos da cidadã asiática para selar os armazéns da empresa, como se fossem funcionários da ANIESA.

No dia seguinte, refere o MP, o grupo tomou de assalto o armazém como se estivessem mandatados pelo Estado para levar o que lá havia de valor.

Conforme o MP, o agente da polícia e os dois oficiais do SIC introduziram-se de forma violenta no interior do armazém e ameaçaram as pessoas que lá se encontravam e retiram de lá vários electrodomésticos, com realce para 45 aparelhos de ar condicionados.

Para o MP não restam dúvidas que os subinspectores do SIC agiram de maneira organizada para cometerem o crime.

O MP disse durante a sua alegação que o superintende-chefe Maurício António “Mauro Pastana” apenas foi adicionado ao grupo por ser alguém que tinha uma patente alta e lamenta o facto de ser o único do grupo detido preventivamente há mais de 12 meses.

Luís Bento Júnior, o representante do MP, disse ao tribunal que os oficiais do SIC, assim como a cidadã vietnamita, apontada como alguém que contratou os dois oficias do SIC, estão a esconder outras altas patentes que estão por detrás do esquema.

O MP assegura que graças ao arrependimento do superintende-chefe “Mauro Pastana”, o tribunal pode perceber que há outros envolvidos com patentes superiores à dele.

Luís Bento Júnior pediu que o tribunal condene de forma dura os demais arguidos, com excepção do superintende-chefe por ser apenas incluído no grupo.

Ao tribunal este representante pediu que o mesmo fosse condenado a uma pena branda e suspensa.

Em sede do tribunal, o superintende-chefe revelou que há no esquema uma alta patente da Casa Militar da Presidência da República.

Entretanto, os advogados dos arguidos insurgiram-se contra a presença da imprensa na sala de julgamento, pedindo mesmo ao tribunal para que os profissionais da comunicação social não captassem som e imagem da sessão.

Aos jornalistas os causídicos recusaram-se a prestar qualquer informação a respeito do julgamento.

O tribunal agendou para o próximo dia 22 deste mês, a leitura da sentença deste julgamento. NJ